Desde a campanha do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta reverter a privatização da Eletrobrás, cujo processo, legítimo, foi encerrado há mais de um ano. O episódio ficaria fora dos holofotes se o presidente não tivesse transformado esse negócio em uma obsessão, gastando quase que energia à toa, já que a probabilidade de reversão nesse processo. Após reassumir o poder, Lula escalou a Advocacia-Geral da União (AGU) e até estruturas menores da administração federal pata tentar melar na Justiça e no Tribunal de Contas da União a exitosa operação, que gerou 33,7 bilhões de reais em investimentos para o país.
Enquanto tenta levar adiante essa empreitada, o presidente determinou a suspensão de diversos processos iniciados na gestão de Jair Bolsonaro. O mandatário mandou engavetar oito estudos preliminares de privatização, incluindo Correios, Petrobrás e Dataprev. A ordem foi explícita: brecar qualquer negócio nesse sentido.
Na contramão do governo federal, alguns dos chefes mais ricos da federação não seguem a cartilha presidencial e iniciaram seus mandatos a todo vapor. Um dos destaques nesse campo é o governador paulista Tarcísio de Freitas, do Republicanos. Ele planeja negociar durante sua gestão dezesseis ativos. Segundo estimativas do Palácio dos Bandeirantes, a empreitada pode atrair 170 bilhões em investimentos. Dentro do pacote está a Sabesp, companhia de saneamento avaliada em 33 bilhões de reais, sendo a operação mais desafiadora.
Além de enfrentar resistência de prefeitos e funcionários da estatal, o projeto esbarra nos deputados estaduais do PT, que contam com uma frente parlamentar para dificultar essas operações. O governador garantiu que só levará a ideia adiante se os estudos mostrarem redução no preço da conta de água. A previsão é que o levantamento seja concluído em seis meses e o processo de negociação, em 2024. “Se o projeto se mostrar viável, vamos chegar para a população e perguntar se ela é a favor ou contra uma tarifa menor. As pessoas que darão suas respostas”, afirmou Rafael Benini, secretário de Parcerias em Investimentos. Já no caso da privatização do Porto de Santos, ocorre também um embate, já que o presidente Lula mandou brecar o processo.